terça-feira, 16 de novembro de 2010

Gratidão

O comum é confundir respeito com amor. Respeitar é ter dentro do peito compreensão suficiente para encarar a gratidão. É não titubear e enfrentar a existência da máscara do orgulho e retirá-la com decisão. É ser humilde para aceitar e extravasar o agradecimento sem manipulação mental ou mágoas existentes.  Não basta só dizer muito obrigado. Tem que guardar no coração o ato benevolente recebido e deixar fluir o sentimento da recompensa sem analisar o mérito da questão.
Já, o amor...  É a liberdade de ser grato em função do respeito que se tem consigo mesmo, sem medo, sem preocupação de estar valorizando quem merece ser agradecido. Amor é reconhecer valor humano. É ter ausência de ostentação e vencer a prepotência de se achar merecedor do favor.
Nem sempre este favor vem de um santo ou de um intelectual. Muitas vezes vêm de pessoas menos favorecidas, simples e sem raízes educacionais. Pessoas que lutam pelos seus ideais e batalham para ser sobreviventes. Vivem conforme os níveis de consciência estabelecidos dentro delas e, por isso, costumam ser comparadas conforme o interesse exercido para manifestar a gratidão.
Nada de diferenças, o importante é que haja um coração respeitoso suficiente para receber com carinho o ato praticado a favor de outro, sem reservas. É ter muito obrigado na palavra e outro no coração. Dirigido para quem oferece um abrigo, um transporte, um alimento, um conhecimento, enfim, a qualquer ação de entrega, seja material ou espiritual.
O triste é deparar com atitudes do paguei, portanto, nada devo. Mesmo se tratando de recompensa, a gratidão tem que estar presente, pois o sentimento é parte integrante do serviço executado. Afinal, houve exposição do conhecimento adquirido ao longo de uma jornada experiente para o feitio daquilo que foi realizado. A virtude está no simples ato do reconhecimento que flui automaticamente para os que são desprendidos. E, nunca esquecer que por trás de qualquer ação está intrínseco um aprendiz que se dedicou a aprender e, depois, favorecer os que não possuem competência para executar. 
Ser ingrato pode ser resultado da falta de respeito próprio. Talvez a análise inconsciente de não possuir qualidade suficiente para fazer o que contratou ou não ser merecedor do que a vida ofertou. É concluir no íntimo do pensamento ser incapaz e, assim, entender que o dinheiro compra o que o semelhante pode oferecer, quer por execução profissional, espiritual ou de amizade.
A manifestação da gratidão tem que estar presente em todos os momentos. Algo semelhante a viver em respeito à natureza que dispõe a todos os mais variados serviços de entrega e de amor. Ah! Sem nada cobrar.

Rubens Fernandes

www.rubensfernandes.blogspot.com

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